Quem
disse que “amar é sofrer” jamais amou.
O
beijo do ar da madrugada desperta a vida que dorme.
O
sorriso da lua engrinaldada de estrelas diminui as sombras.
A
carícia do sol vitaliza todas as coisas.
E
a chuva que lava a terra, e reverdece o chão, e abençoa o mundo,
correndo no rio, esvoaçando na nuvem esgarçada, são as tuas
expressões de amor, construtor real, demonstrando o teu poder, a tua
grandeza e a minha pequenez.
Quem
ama, sempre doa, e não sofre, porque ama.
Quem
diz que amar é sofrer ainda está esperando pelo amor e jamais amou.
*
* *
As
palavras do poeta Tagore são fortes. Desafiam todos os autores que
até hoje cantaram, emocionados, as dores do amor.
E
foram tantos... E ainda são.
O
amor do mundo sempre esteve vinculado à dor, pois sempre foi um
amorapego, um amor posse, um amor desespero.
Agia-se
no ímpeto por amor, e lá vinha a dor. Esperava-se indefinidamente
por amor, e lá se iam anos de sofrer silencioso.
Nossa
arte revela isso de forma magistral: o ser humano tentando
sobreviveramando dessa forma.
Chegamos
ao ponto de nos autoflagelarmos por ele, ou ainda, de acabar com
nossa própria vida, por não suportar tal vil pesar. E o pior,
achamos isso belo, romântico...
Imaturos
fomos, assim como o que chamamos de amor ao longo das eras também o
foi.
Inventamos
um tal de amor à primeira vista, para justificar paixões
retumbantes, apenas desejos ardentes muitas vezes...
Alguns
ainda, aprenderam a chamar o ato da união sexual em si, de fazer
amor, como se em toda coabitação ele estivesse obrigatoriamente
presente – quem dera...
Entendemos
pouco de amor.
E
não foi por falta de bons exemplos.
Recebemos
na Terra o Espírito que irradiava amor, e que proclamou esta palavra
aos quatro ventos, de uma forma inesquecível.
O
amor do qual Jesus falava era esse amor doação, o amor ágape.
Pode
haver sofrimento em nosso coração ainda por algum tempo, mas não
por amar, e sim, apenas por não sabermos amar de forma devida.
São
nossos vícios que trazem as dores. O amor só traz alegria e paz,
pois é responsável pela consciência pacificada.
A
carícia do sol vitaliza todas as coisas e o amor verdadeiro é este
sol, que sempre vitaliza e nunca enfraquece.
Nas
piores noites o sorriso da lua engrinaldada de estrelas diminui as
sombras. É novamente o amor, consolando, dando esperança, e jamais
provocando mais escuridão.
É
tempo de conhecer melhor o amor, agora que podemos ser mais maduros,
que entendemos que não possuímos as coisas nem as pessoas; agora
que entendemos que não estamos aqui para ter, mas para ser.
Ainda
estamos esperando pelo amor, é certo, porém, cada movimento que
fazemos em direção ao outro, deixando de lado o vício do egoísmo
e do orgulho, é um passo que damos até ele.
E
talvez logo descubramos que não fomos nós que esperamos pelo amor
durante todo esse tempo, mas ele que sempre esperou por nós...
Redação
do Momento Espírita, com base em trecho do cap. XXII, do livro
Estesia, de Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira
Franco, ed. LEAL.
Em
25.9.2014.
(Diogenes
Pastre Camargo)
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